quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Uma imagem vale mil palavras: Os Miseráveis (2012)

Trailers: Silver Linings Playbook, Impossible, Lincoln. O primeiro, se bem feito, é capaz de ser um filme interessante sobre doença mental, para desmistificar um bocadinho o preconceito contra quem tem uma doença destas. Achei engraçada aquela cena do trailer em que eles estavam a comparar medicamentos que já tinham tomado. E todo o leitor já se deve ter sentido como o personagem principal após acabar um livro e ter vontade de o atirar janela fora. O segundo já tinha visto algures e deve ser demasiado deprimente, duvido que vá vê-lo ao cinema. O Lincoln parece muito excitante, parece que se passa durante um momento grande da história dos Estados Unidos, estou curiosa.

Primeiras impressões: Era a primeira sessão da tarde, e eu e a minha irmã éramos os outliers, no que toca a idades, naquele cinema. A sério, éramos nós, e a brigada da terceira idade. Nunca tal me aconteceu, por isso achei curioso. Talvez tenha alguma coisa a ver com o facto de que este filme não é para todos. Há algo de divertido em vir à net e ver as pessoas queixar-se de que havia demasiada cantoria. Estavam à espera de quê, exactamente, com uma adaptação dum musical? Ninguém aprendeu nada com o Sweeney Todd ou o Fantasma da Ópera? Ao ouvir a banda sonora deste último, por exemplo, dou por mim a "ver" o filme outra vez, porque a parte cantada cobre uma parte gigantesca da história.

A moral é, este filme não é para vocês se não gostam de musicais, filmes cantados durante 95% do tempo, ou se não acreditam que a música pode emocionar e transmitir sentimentos.


Dito isto, foi tão giro! Nem dei pelas 2 horas e meia passarem, chegámos ao intervalo e eu "já?" Consigo ver porque é um musical tão popular. A história é em parte épica e em parte intimista, e as músicas conseguem levar-nos verdadeiramente àquilo que o personagem está a sentir. Ainda consigo ouvir e cantarolar na minha cabeça algumas músicas (vi o filme ontem). Aqui está uma banda sonora para eu ouvir obsessivamente durante os próximos tempos. (Se bem que estou a ver que a banda sonora oficial tem highlights no título, em vez de complete. E não tem uma das músicas que mais gostei. Hm...)

A história, acredito, é bastante resumida. (Afinal o livro tem mais de 1200 páginas.) Mas creio que dá para perceber os grandes temas da história e vislumbrar motivações dos personagens. O que acontece porque a história é sobre os personagens e os seus dramas pessoais (acredito que foi com essa intenção que o Victor Hugo a escreveu, e aqui acertaram quando a adaptaram para musical), não sobre os momentos históricos que aparecem na trama. Que servem apenas para enquadrar a história. Se o Victor Hugo quisesse falar sobre um momento importante da história de França, haveriam momentos menos obscuros que esta revolta, que ao que pude perceber, foi pequenina no todo do processo revolucionário em França.


Por isso, apesar das críticas, gostei e compreendi algumas opções que o realizador tomou para o filme. O foco são os actores e os personagens que interpretam, daí o cantar ao vivo com o gravar da cena, que nos dá cenas tremendamente emocionais, ou os close-ups. Que é que interessa que, graças a este último, eu tenha desenvolvido uma pancada com as sardas do Eddie Redmayne, de tão bem que conseguia vê-las? Já estou curada, muito obrigada.

Estou satisfeita com o elenco de actores. Muitos tiveram uma música a solo e um momento para brilhar. A Anne Hathaway é a escolha óbvia, com o seu I Dreamed a Dream super emocional, mas gostei do solilóquio do Valjean (Hugh Jackman) no início, do Stars do Javert (Russell Crowe), do On My Own da Éponine (Samantha Barks), ou do Empty Chairs at Empty Tables do Marius (Eddie Redmayne).

Adorei ver a Anne Hathaway com o I Dreamed a Dream. Oh, bolas, a música em contexto é tão triste, e o desespero da Fantine é quase palpável. Tal como o do Marius no fim, ao olhar para as cadeiras vazias, a lembrar-se dos amigos e torturado por ter sobrevivido e eles não. Também gostei muito da pequena Cosette, a miúda é tão fofinha e gostei do pedacinho em que a vemos no ecrã. Os Thénardiers dão-no os momentos cómicos necessários, e achei-lhes tanta piada, especialmente com a sua música inicial.


Entre os meus personagens favoritos ficaram o Javert, a Éponine e o Gavroche. Este último porque apesar de ser um miúdo, acaba por ter importância no desenrolar dos acontecimentos, e a sua morte foi chocante pelo modo como aconteceu. A Éponine, porque apesar dos ciúmes que a levaram a esconder a carta, tem os seus momentos. Tive sinceramente pena dela por um amor não correspondido, e a sua cena final é tão triste. O Javert, porque é tão complicadinho - na sua cabeça lei=moral, e um ladrão, que desrespeitou a lei do Homem, também é perverso e um desrespeitador da moral de Deus. Quando o Valjean lhe mostra misericórdia, entra em curto circuito, por um antigo preso mostrar bondade, e acho que é por isso que se atira da ponte. A cabeça dele não consegue conceber tal acto.

Foi um bom filme e uma óptima surpresa. Estou aqui a morrer de vontade de vê-lo outra vez. Ou ouvir as músicas.

11 comentários:

  1. Ainda não vi!!!;_; Opa deve ser lindo!!

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    1. Ohhh vai ver! Gostava tanto de ver a tua opinião... Porque sim, é tão giro. *.*

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    2. Tenho de ir resolver isso!!
      Ainda por cima eu adoro o Hugh, a Anne, o Eddie... eu ADORO o elenco!! E gosto tanto de musicais *.*

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    3. Então está tudo conjugado para adorares. ;) Vou ficar à espera para ler a tua opinião.

      Estranhamente fiquei com vontade de ler o livro, mesmo tendo umas horrendas 1200 páginas e tudo. xD

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  2. O meu maior crime é adorar o Victor Hugo, adorar "O Corcunda de Notre-Dame"...e não ter lido este -.-' Era para o ter comprado como fiz com o Anna Karenina mas porra quero uma capa com o Hugh Jackman!xD Portanto vou esperar pela re-edição =P

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    1. Capa com o Hugh, és capaz de não ter muita sorte, a Europa-América fez a recapagem alusiva ao filme e tem a Cosette em miúda. Acho que não há mais edições portuguesas. A parte chata desta edição é o preço, mas eles agora têm-na a metade do preço, que é mais razoável. Não é uma má oportunidade... na Hora H também deve estar assim.

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  3. Opa, não é justo!!!;_; Não gostei, quero o Hugh *buaaahhhh*

    Agora fiquei mesmo fula -.-' Só a Europa América é que traduziu =/

    P.S. ainda não tinha visto mas se calhar vou seguir o teu conselho...daqui uns meses já me devo ter habituado à capa...

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    1. Oh, a miúda que faz de Cosette é tão fofinha. ;) Vais ver que depois não te importas.

      Seguir o meu conselho, no sentido de comprar na Hora H? Agora lembrei-me duma coisa, espero que continue a acontecer, com as mudanças que a FdL vai ter este ano...

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    2. Não digo o contrário mas o Hugh tinha mais piada =P No fundo o que interessa é a história que eu já conheço de fio a pavio mas sem a escrita maravilhosa do Victor Hugo ;_;

      Sim! Não me digas =x Desde que ela aconteça já não é mau visto que o pessoal do Porto não vai ter direito =/

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    3. Com o facto de não acontecer no Porto estou com receio que mexam noutras coisas... mas num ano de crise, a Hora H é que deve safar as editoras. :S

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    4. Eu espero bem que não lhe mexam =s eu vou a Feira do Livro desde que me lembro de ser gente por isso nem consigo imaginar um ano sem ela =S

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